Dia primeiro, completam-se 23 anos da coleta seletiva de Itaúna
Em 2002, uma multidão saiu às ruas para marcar o início de um dos projetos mais exitosos do município de Itaúna

No dia primeiro de julho de 2002, um grande número de pessoas saiu às ruas de Itaúna para registrar o evento de lançamento da Coleta Seletiva “Secos e Molhados”, seguramente um dos projetos mais exitosos da administração municipal nas últimas décadas. A coleta seletiva lançada naquela data garantiu a existência e fortalecimento da cooperativa de reciclagem do município, a Coopert, que à época lutava com a necessidade de recolher maior quantidade de material reciclável. A partir do lançamento da coleta, a população itaunense passou a separar adequadamente o lixo e, com isso, a cidade alcançou os maiores índices de aproveitamento de lixo do Brasil e até da América Latina, conforme dezenas de estudos científicos já produzidos a partir de então.
Para se ter uma comparação, em 2024 a Associação Brasileira de Resíduos e Meio Ambiente - ABREMA informava que o aproveitamento de resíduos no Brasil era de 4,5% do total recolhido. Em março de 2025, o Sistema Nacional de Informações em Saneamento Básico - SINASA foi ainda mais drástico e informou que o aproveitamento de resíduos recicláveis no País não chegou a 2% do total, estacionando em 1,8%. Em Itaúna, em 2016, os dados mostram que, das 1.850 toneladas de lixo recolhido, o aproveitamento alcançou 430 toneladas, ou seja, 23% do total.
Esses dados só se equiparam com países campeões de aproveitamento, como o Japão, Alemanha e Estados Unidos. É o dobro da média alcançada pela América Latina, que, em seu melhor momento, chegou a 13%, conforme divulgações de fontes especializadas. Itaúna, ainda conforme dados não oficiais (visto que este acompanhamento não tem sido divulgado desde 2017), mesmo sem investimento na coleta, tem mantido a média de 200 toneladas/mês de aproveitamento do total do lixo recolhido. O volume representa mais de 10% do total gerado, ou seja, mais que o dobro dos melhores índices do Brasil. Isso devido à manutenção do costume da população em separar o lixo e ao trabalho realizado pelos catadores.
Coleta já foi destaque nacional
Após o lançamento da coleta seletiva nos moldes “Secos e Molhados”, criação do prefeito à época, Osmando Pereira, em conjunto com o então assessor de Comunicação, Sérgio Cunha, e o diretor de Meio Ambiente, Ralim Mileib, o projeto divulgou o nome do município em nível nacional e até no exterior. Visitas de delegações de outros municípios, assim como a participação do prefeito e dos técnicos citados, em eventos pelo País, eram cotidianas. Tanto que, em 2013, o prefeito de Itaúna, Osmando Pereira, à época no PSDB, foi convidado a falar em Brasília, na comemoração do Dia Nacional do Meio Ambiente, em 5 de junho, quando a presidente era Dilma Roussef, do PT.
A catadora Madalena Duarte, da Coopert, visitou vários países, nos cinco continentes, falando sobre a experiência de Itaúna com a coleta seletiva de lixo. E em 2016, pela primeira vez, Itaúna participou do encontro nacional da Associação Nacional dos Serviços Municipais de Saneamento - ASSEMAE, com a apresentação de um artigo. Na 46ª conferência da entidade, em Jaraguá do Sul, em Santa Catarina, o então prefeito Osmando Pereira e o gestor de Resíduos à época, Sérgio Cunha, apresentaram o tema “Redução de custos e aumento da eficiência com a transformação da coleta de resíduos sólidos formal em coleta seletiva”, que aborda as vantagens da coleta seletiva do município.
O sucesso da coleta seletiva, lançada naquele dia primeiro de julho, se reforça com a informação de que é a mais antiga coleta seletiva em funcionamento no Brasil. Na terça-feira, primeiro de julho, a Coleta Seletiva de Itaúna, nos moldes de recolhimento do lixo em “Secos e Molhados”, completa 23 anos ininterruptos de existência. Um motivo para os itaunenses comemorarem e se orgulharem, sem dúvidas.